sábado, 8 de março de 2014

Às vezes

Às vezes vai além das oscilações das temperaturas, ou da força do vento. Tem haver com a vida, com a maneira que a tinta cai e pinta o papel. Depende da intensidade do pincel, da quantidade de tinta, das levezas com que se movimentam as folhas, do jeito que se olha a luz do sol. É o jeito de deixar transparecer, o jeito do afeto. Não é bem o entendimento de causa, não é modo planejado de vida, não é moral, ou valores, ou nem mesmo hipocrisia, às vezes é a forma, o jeito de abrir a porta, o jeito de preferir esse á aquele. Às vezes é o peso dos dias, dos sentimentos, do estado de espírito, do pertencimento, e ao mesmo, a saudade, a falta. É a vibração de muitos conjuntos, ou o som somente de uma melodia. Às vezes é a tristeza, revestida do esticar dos lábios ou o ápice da infelicidade, e às vezes, a alegria da existência, ou uma fantástica textura de plenitude. Às vezes Deus, às vezes o vazio do peito de quem já se encheu tanto que esvaiu se, às vezes a desistência, ou o olhar inquieto de quem seguiu o vazio do Adeus, ou o prazer do até logo. Às vezes, mas às vezes sempre. 



Yana Carla Monteiro Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário